Thursday, January 31, 2008

Sou um monstro

"Sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?". A pergunta de Clarice lispector sempre me atormentou. Hoje o incômodo suavizou um pouco: sim, isto é ser uma pessoa, não tem pra onde correr, não. O desconforto surgia por uma idealização de vida, sempre há a idéia de que você próprio é um horror, uma martirização horrorosa.
Por vezes nós temos a sensação desleal de que somos monstros ( às vezes não é sensação, é verdade mesmo) e de que tudo mundo que nos cerca parece ter uma vida mais perfeita. Ter momentos de monstruosidade me parece ser o que nos faz mais humanos. Não precisamos deuses.
Em A grama do vizinho, Martha Medeiros trata um pouco disso. O texto dela trata um pouco dessa sensação de derrota que nos pega de vez em quando. E o poema do Álvaro de Campos ( já postado aqui no blog) que ela cita então, é perfeito. O que eu vejo são pessoas encenando o tempo inteiro, fazendo todo o possível para mostrar a todos o quanto são felizes, esquecendo, assim, que as tristezas fazem parte da vida. Ninguém é infeliz "No site de relacionamentos" ( Vulgo Orkut). Eu queria morar lá, no Orkut, onde a felicidade reina 24 horas por dia. Não sonho mais com Parságada ou um Nirvana; apenas o Orkut...
Se todo mundo parasse para falar sobre seus medos e suas dúvidas este seria um jogo mais justo. Mas quem disse que tem que ser justo? Jogo bom é aquele em que você faz as regras, ne?! Mas me impuseram essas...Fazer o q?! Eunão sou feita de certezas e vc, meu caro leitor?
A gente complica as decisões da vida, reflexão demais atrapalha.
E não param de ecoar em minha cabeça os versos de Grand' Hotel: "Qual o segredo da felicidade? Será preciso ficar só pra se viver? Qual o sentido da realidade?".
Ora sou um monstro, ora não: isso me faz ser gente. Fico com Álvaro de Campos( sempre ele) :
Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

Curta

Séculos depois: eis que retorno ao meu blog adorado! É um post que se pretende curto, assim como o curta-metragem que venho sugerir. Sabe essas historinhas pelas quais você não dá nada no começo e depois te surpreendem?! É o que acontece com Laços. Eu achei o link no blog do Gabriel, o pensador e foram seis minutos agradáveis. Disserta um pouco sobre o esssencial, é delicado....
http://www.youtube.com/watch?v=_2rnl0IzR_M