O nome é Antonio Cicero. Poeta, filósofo, compositor, irmão da Marina Lima; A referência é por sua conta, escolha a vertente que mais lhe agradar. Algum trabalho dele você conhece, a não ser que tenha vivido em marte nos últimos vinte ou vinte e cinco anos e ainda assim acho que não teria muita escapatória, não. Sabe Fullgás? A letra é dele, assim como a maioria dos sucessos da irmã, pode conferir. Esse pequeno preâmbulo é apenas para colocar um poeminha desse moço carioca aqui. Guardar, assim como tantas outras dele, me tira o sossego. Segue:
GUARDAR
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
Saturday, July 07, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment